Recife e São Paulo, 12 de Maio de 2009 – Como a maioria dos setores da economia, a indústria de cimento se assustou com a explosão financeira de setembro e interrompeu o ciclo de crescimento acelerado que vinha registrando – até agosto, o segmento acumulava alta de 16% nas vendas e tocava investimentos bilionários que ampliariam a capacidade total de produção no País em cerca de 50% até 2012. Diferente de alguns setores, entretanto – inclusive a própria construção civil e os empreendimentos imobiliários -, os fabricantes de cimento não passaram por uma queda brusca, e as vendas de outubro a abril vieram flutuando ao redor do 1% acima das médias do ano passado.
Sobre esta nova base, a Votorantim Cimentos, dona de 40% do mercado no Brasil, não hesitou em dar continuidade aos investimentos em expansão anunciados ainda em 2007. Ampliado em 2008, o projeto chegou a R$ 3,2 bilhões para um aumento de capacidade em mais de 40% até o ano de 2011.
“O mercado está mais equilibrado e mais saudável”, disse o diretor comercial da cimenteira, Marcelo Chamma. “Em 2008 a construção civil estava em um ritmo alucinante, com custos altos, falta de mão de obra, dificuldades com transporte. Com a desaceleração do mercado e as novas capacidades sendo inaugu-radas, estamos trabalhando em uma margem mais tranquila”, continuou.
“Esperávamos um aumento de 10% na demanda para este ano, mas estamos trabalhando agora com algo entre 7% e 8%”, disse o diretor de operações da cimenteira, Edvaldo Rabelo.
Neste ano, já entraram em operação duas novas fábricas no Nordeste, em janeiro; nos próximos dias têm início as atividades de unidade em Xambioá (TO) e, até julho, fica pronta a fábrica de Porto Velho (RO), destinada a abastecer a construção das duas hidrelétricas do Rio Madeira. Além disso, está em andamento a ampliação das instalações de Nobres (MT).
Com isso, a capacidade produtiva da Votorantim já está em a 31 milhões de toneladas de cimento ao ano – 14% mais que as 27 milhões que possuía em 2007, quando deu início ao projeto de expansão. Até 2011, deverá chegar a 39 milhões de toneladas e 26 fábricas de cimento em todo o País, ante as 17 que possuía há dois anos.
Nordeste
A nova fábrica de Pecém (CE), iniciada em janeiro, já está trabalhando a plena capacidade, com uma produção de 220 mil toneladas por ano. Inaugurada na mesma época, a unidade de Aratu (BA) opera a 80% da capacidade, que é de 320 mil toneladas anuais.
Projetadas antes da crise, e abertas logo após seu início, as duas moagens juntam-se às três que a Votorantim já possuía no Sergipe, Paraíba e Ceará e que, sozinhas, davam conta de todo o Nordeste. Não abasteciam, entretanto, todo o clínquer (produto fabricado pelas moagens, responsável por 85% da composição do cimento) necessário na região. Com as novas unidades, o excedente passa a ser aproveitado e 10% da produção será exportado para países como a África do Sul e os Estados Unidos.
As unidades, que demandaram investimentos de R$ 100 milhões, têm acopladas linhas de produção de argamassa, podendo, cada uma delas, produzir 120 mil toneladas do produto por ano.
A meta da Votorantim, nos próximos três anos, é dobrar a produção nacional de argamassa, saindo de 1,5 milhão para 3 milhões de toneladas ao ano. A previsão para 2009 é que este mercado Nordeste cresça entre 15% e 20% e, segundo o diretor de operações, a companhia aposta num crescimento de 73% das vendas com as novas unidades na região.
(Fonte: Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 1)(Etiene Ramos e Juliana Elias)