O transporte marítimo enfrenta entraves no País e no Estado, vai exigir reestruturação para suportar novas demandas
Os portos são indutores do desenvolvimento de uma região. A afirmação é cada vez mais aceita e levada em conta na hora de se pensar o crescimento econômico de um determinado local. E não é para menos. No Ceará, de janeiro a setembro deste ano, mais de 90% das exportações se deram pelo modal marítimo, segundo dados do Centro Internacional de Negócios (CIN). As importações, por sua vez, também seguem, em média, a mesma realidade.
O Brasil, entretanto, ainda enfrenta inúmeros entraves nesse tipo de transporte, e no Ceará não é diferente. Por aqui, ainda há um grande questionamento: o Estado estará preparado, em sua logística portuária, para receber os chamados projetos estruturantes, como siderúrgica, refinaria e a Zona de Processamento de exportações (ZPE), que prometem revolucionar a economia local?
Influência
Apesar de todos estes projetos estarem planejados para serem implantados na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, o terminal portuário de Fortaleza, mais conhecido como Porto de Mucuripe, também será influenciado por estes empreendimentos. E, de alguma forma, já está tendo impacto.
O terminal do Mucuripe precisa se remodelar à nova realidade local, precisa definir qual será a sua participação, de forma integrada, no comércio exterior cearense, que deverá diversificar bastante a sua pauta de produtos em um horizonte de médio prazo.
Readequação
Já o Pecém precisará passar por uma forte readequação, o exigirá recursos, no mínimo, vultosos. Isso porque o terminal, apesar de ter sido concebido para receber siderúrgica e refinaria, como lembra o presidente da Cearáportos (órgão que administra o porto), Erasmo Pitombeira, já não possui estrutura para os projetos que estão desencantando.
O motivo é que, após tanto tempo de espera (o porto foi construído há mais de 10 anos), o Pecém acabou se direcionando para outras funcionalidades, como o embarque de frutas e cargas diversas ao mercado internacional.
Mas a mudança deverá ser passo-a-passo, obedecer certas etapas lógicas. Isso porque, mesmo sem ainda contar com grandes empreendimentos que mobilizem de forma mais intensa a movimentação desses terminais, os portos cearenses já enfrentam sérios gargalos para a realidade existente, como a demanda por linhas e até tomadas para cargas frias.
Lista de entraves
Um dos maiores é relacionado à logística, problema que ataca de forma mais lancinante o Mucuripe, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. Mas a lista se estende, passando por entraves burocráticos, estrutura insuficiente para períodos de maior demanda, áreas de armazenamento e movimentação de mercadorias, entre outros obstáculos.
Mas os responsáveis pelos dois principais equipamentos do comércio exterior cearense garantem: os portos estarão preparados para as demandas futuras que se delineiam. Para isso, esperam que a recém criada Secretaria Especial dos Portos, capitaneada pelo cearense Pedro Brito, colabore com estes planos. O trabalho, daqui para frente, será longo.
(Fonte: Diário do Nordeste/CE/Sérgio de Sousa)