A Transnordestina Logística S/A, empresa responsável pela construção da Ferrovia Transnordestina, vai investir R$ 200 milhões no Porto do Pecém, no Ceará, e R$ 100 milhões no Porto de Suape, em Pernambuco. O objetivo é preparar a infra-estrutura dos dois portos nordestinos que serão ligados a Eliseu Martins, no Piauí, através de uma malha ferroviária de 1.728 quilômetros. Embora não esteja contemplado no projeto inicial, a Transnordestina ampliará o potencial da fruticultura cearense, possibilitando interligar os pólos de Mossoró-Apodi e de Limoeiro do Norte ao Pecém.
As potencialidades do projeto e seus impactos no agronegócio do Estado foram debatidos, ontem, na reunião semanal do Agropacto (Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense), em Fortaleza. Segundo o gerente comercial da Transnordestina Logística (antiga Companhia Ferroviária do Nordeste), Miguel Andrade, até 2011, quando está prevista a operação da ferrovia, serão gerados três mil empregos, diretos e terceirizados. Até lá, projeto deve agregar novos ramais e atender outros segmentos, além dos que basearam a construção da Transnordestina. Em sua origem o projeto tomou como foco os setores de minérios, visando o transporte de calcário, fosfato, fertilizantes, ferro, etc; agricultura, em função dos grãos, especialmente soja e milho; construção civil, que se beneficia transportando matéria-prima como o cimento; além de contêiners em geral. ´Em geral, os produtos mais viáveis de ser transportados por ferrovia são de baixo valor agregado, têm cargas volumosas e implicam em grandes distâncias. Por outro lado, a segurança do meio de transporte é um ponto a ser considerado por todos os setores´, pondera Andrade, para quem, futuramente a fruticultura cearense deva aderir à ferrovia´.
Segundo o gerente comercial, antevendo os próximos 20 anos, o governo do Ceará pretende desapropriar entre cinco e dez vezes o tamanho das áreas por onde passará a Transnordestina. ´A idéia é reservar essas áreas adicionais para que futuramente sejam utilizadas por arranjos produtivos locais, zonas de processamento de exportação entre outras motivações´, explica.
Para o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, independente da utilização imediata, a fruticultura cearense vai sofrer importantes impactos com a chegada da ferrovia. ´Com ela, estamos trazendo ao Ceará um grande centro logístico. Isso atrai grandes investidores, pois eles vêm aonde tem infra-estrutura. Também virão com a iniciativa, muitos empregos qualificados no entorno da ferrovia´, prevê.
Segundo Bringel, a Transnordestina possibilitará, em médio prazo, a interligação ao Porto do Pecém dos pólos de Mossoró-Apodi e de Limoeiro do Norte, que compreende Tabuleiro de Russas e Jaguaribe-Apodi. Miguel Andrade também acena para a possibilidade. ´É lógico que o projeto vai passar por ampliações para atender demandas que forem surgindo.
Estamos abertos a projetos. Os produtores de frutas podem investir na construção de estrada de ferro até a Transnordestina. Daremos supervisão e suporte técnico´.
(Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE – FORTALEZA – Editoria: Negócios )