A venda de GNL para o terminal da Petrobras, no Pecém, é a primeira da multinacional para a América do Sul
O Terminal de Regaseificação do Pecém, já apto a operar comercialmente, recebeu, no último fim de semana, uma carga de 135 mil metros cúbicos de GNL (gás natural liquefeito) da Shell. Esta é a primeira venda de GNL da multinacional para a América do Sul, e seu volume corresponde a cerca de 80 milhões de metros cúbicos de gás natural no estado gasoso, o equivalente, segundo compara a empresa, a seis dias de vendas da Comgás, maior distribuidora do Brasil.
“(Essa entrega) representa um marco importante para nós, com a entrada em novo mercado de GNL. Faz parte da nossa estratégia de contribuir para a adoção de combustíveis mais limpos e para o suprimento da demanda por energia no país”, afirma o presidente da Shell Brasil, Vasco Dias.
A Petrobras, proprietária do terminal, firmou contrato de fornecimento de gás com a Shell ainda em março de 2008, mas somente agora solicitou a carga. Além da Shell, a estatal tem contratos firmados com outras três empresas. Duas delas têm seu nome mantido em sigilo e a outra é a BG Group, cuja parceria foi acertada em junho do ano passado. Na época, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que a primeira carga contratada junto a este grupo britânico pode variar entre 75 mil metros cúbicos e 130 mil metros cúbicos.
O gás natural regaseificado no terminal do Pecém é direcionado às termelétricas existentes no Estado, TermoCeará, da própria estatal, e TermoFortaleza, do grupo Endesa. A assessoria de imprensa da Petrobras não esclareceu porque solicitou a carga agora, já que não há nenhum pedido de despacho das térmicas feito pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Despacho
De acordo com o ONS não há sequer previsão de despacho, em condições normais, dessas usinas, do ponto de vista da segurança do sistema elétrico. Isto é, a geração de energia térmica só é acionada quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas — que têm um preço de geração de energia elétrica inferior às termelétricas — está baixo. Isso ocorre, em geral, em meados do ano, quando as chuvas diminuem. Segundo dados atualizados na última segunda-feira pelo ONS, o volume dos reservatórios do Nordeste está em 90,62%, até por conta das intensas chuvas ocorridas na região durante o primeiro semestre. Essa situação justifica a não necessidade de se recorrer à fonte térmica. O órgão, entretanto, informou que a Petrobras poderá declarar inflexibilidade associada entre a contratante e a geradora, ou seja, ela pode solicitar a geração térmica mínima para conservação das unidades geradoras.
Carga
A carga fornecida pela Shell ocupa toda a capacidade de armazenamento do navio de regaseificação do Pecém, o Golar Spirit, que é de 77 milhões de metros cúbicos de gás natural. O terminal pode regaseificar sete milhões de metros cúbicos/dia de GNL. Conforme o acordo assinado entre a Shell e a Petrobras, a estatal petrolífera comprará o gás em forma líquida, resfriado a -164°C, transportado pela Shell em navios. De acordo com a Shell, além de ter os mesmos benefícios de queima limpa do gás natural, o suprimento de GNL, por suas características logísticas, otimiza o transporte para diferentes localidades e dá maior flexibilidade ao mercado.
Fonte: Diário do Nordeste – Editoria: Negócios