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Notícia

Dia do Circo: no picadeiro ou fora dele, nossa colaboradora dá um show

Rebeca Pimentel relembra a vida de circense e compartilha aprendizados

Quem vê Rebeca Pimentel pelos corredores do Complexo do Pecém não imagina que a colaboradora já conquistou vários sorrisos por todo o País com suas performances. A jovem, que faz parte da quarta geração de uma família circense, conheceu 19 estados e passou 18 anos realizando shows e encantando a vida de milhares de pessoas através do Circo, arte milenar que é homenageada neste dia 27 de março.

Rebeca conta que seus pais se apaixonaram durante uma temporada que foi realizada na cidade de Independência, no interior do Ceará. “Foi amor à primeira vista, mas meu avô não deixou a mamãe ir embora logo com o circo. O papai precisou ficar um ano lá para garantir que queria mesmo casar com ela”, conta.

O Circo foi embora e Francisco, pai de Rebeca, ficou na cidade realizando números mais simples para cumprir a promessa. A união deu certo e, após dois anos de casados, com o nascimento da protagonista dessa história, o jovem casal resolveu retomar o sonho: montaram o Circo Real e foram embora do Ceará.

Rotina disciplinada

A rotina agitada faz com que muitas pessoas tenham uma visão de que a vida dentro do circo é apenas diversão, mas é exatamente o contrário. Rebeca afirma que a disciplina era fundamental para que todas as tarefas fossem executadas, pois, além de realizar o espetáculo, os integrantes de um circo acumulam outras funções.

“Palhaço é motorista, o trapezista era soldador. Eu fazia acrobacias no tecido, mas cuidava também da divulgação. O foco e o compromisso eram fundamentais para o bom funcionamento do circo. A gente tinha hora para tudo: estudar, reforço escolar e ensaio. Todos os dias tínhamos apresentações à noite, final de semana e feriados”, relembra.

Os estudos também eram prioridade dentro do Circo Real. Rebeca conta que a primeira ação que faziam, quando chegavam em uma nova cidade, era procurar uma escola para fazer a matrícula. “Em alguns locais, tivemos dificuldades, pois não queriam nos aceitar. Fazíamos testes para ver se estávamos no nível exigido, mas as notas boas eram parte também da nossa rotina”, diz a jovem, que terminou o ensino médio aos 16 anos de idade.

Mesmo com a rotina pesada e as dificuldades, a acrobata revela que os aplausos no final de cada espetáculo faziam todo o esforço valer a pena, “É nessa hora que a gente sente como é recompensador nosso trabalho, como é maravilhoso entregar o melhor para todas as pessoas que nos assistem”, destaca.

Novas oportunidades


“Quem nasce em circo, não se imagina fora dele”,
 declarou Rebeca várias vezes durante a conversa. Segundo ela, é muito difícil para um circense se acostumar com a vida pacata de uma cidade, “Estamos sempre nos mudando, conhecendo pessoas novas, outras culturas. Parar não é fácil”, afirma. 

Quando completou 18 anos, seus pais resolveram vender o circo e voltar para Independência. “Eu nunca imaginei que sentiria tanta falta do circo, principalmente à noite, na hora dos espetáculos, mas eu entendia que era uma nova oportunidade para todos nós”, conta.

A jovem trabalhou em alguns locais, dentre eles um cartório da cidade, onde percebeu que desejava cursar Direito. “Nesse momento, resolvi me mudar sozinha para Fortaleza e realizar meus projetos de vida”, conta.

Do circo para a vida

Apesar de ainda não ter realizado seu sonho de cursar faculdade, Rebeca revela que acredita que tudo o que conquistou até hoje é fruto de sua formação circense. Atuando como secretária do Complexo do Pecém há 4 anos, ela conta que procura, diariamente, realizar seu trabalho com excelência e entregar o seu melhor para os seus gestores e colegas de trabalho. 


“Sempre escutávamos nos ensaios que tínhamos que treinar para sermos os melhores, para fazer um show limpo, bonito para nosso público. E esse é um dos lemas da minha vida: procuro ser a melhor em tudo o que faço”, destaca. Hoje, o picadeiro de Rebeca é outro, mas ela carrega consigo a herança de uma vida cheia de magia, aprendizados e muitos sonhos a serem realizados.