Maior problema enfrentado pelos exportadores de flores cearenses, a logística exportação do produto pelo Estado poderá ser descomplicada com a chegada da Cargo Ventures (CV) ao Ceará. A empresa norte-americana, que projeta transformar o Porto do Pecém em um terminal concentrador de cargas no País, já planeja construir na área um modal marítimo para a comercialização externa de flores.
De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, a empresa está fazendo a avaliação técnica desse modal, que operaria com navios com ambiente controlado para o transporte das flores. Hoje, a exportação destes produtos é feita quase que exclusivamente pela via aérea, que, apesar de mais cara, consegue manter uma maior sobrevida da flor no consumidor final, já que o tempo de viagem é menor. Através de navios refrigerados, esse problema pode ser solucionado.
A maneira como essa estrutura poderá ser montada ainda será discutida com o setor, que hoje vem tendo que exportar parte de suas flores através de São Paulo, visto a pequena quantidade de vôos disponíveis aqui aos países-destino para o transporte das cargas.
Essa solução começará a ser delineada na próxima terça-feira (3/3), quando o presidente da CV — empresa que opera e detém majoritariamente uma zona franca nos Estados Unidos — virá ao Ceará para discutir a instalação de seu ´hub´ (terminal concentrador) de mercadorias para o comércio entre Brasil e EUA.
De acordo com Balhmann, o modal marítimo para flores é uma outra alternativa que está sendo trabalhada enquanto o projeto para a instalação de um aeroporto especializado em cargas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém não é concluído.
Central de frios
A atuação da CV no Estado deverá ter início com a construção de uma central de frios, que servirá para a movimentação de frutas e carnes. O empreendimento, segundo Balhmann, já é considerado como certo.
´Com a derrubada da barreira fitossanitária dos Estados Unidos para as frutas brasileiras, o Ceará deverá ganhar um novo mercado, especialmente para os melões. A Adece irá incentivar a participação de exportadores cearenses do setor em feiras por lá´. Além de produtos cearenses, a central concentraria carnes do Centro-Oeste brasileiro, entre mercadorias dos mais diversos estados do País.
A construção desse novo terminal concentrador é apontada como ´audaciosa´ pelo presidente da Adece. A logística deste ´hub´ envolverá empresas americanas e canadenses, como a ferrovia do Canadá para o transporte terrestre no território norte-americano dos produtos vindos daqui. Ele afirma que o Estado vem trabalhando na atração de parceiros para operar a ZPE cearense, que ainda espera regulamentação final no âmbito federal. ´Quando tiver tudo OK, nós já estaremos prontos para começar´.
LOGÍSTICA VIABILIZADA
Mercado oriental mais próximo
Os produtos cearenses poderão ganhar, de forma mais significativa, o mercado oriental. O transporte de mercadorias locais através do Pecém seria viabilizado pela Cargo Ventures (CV), que se utilizaria da sua estrutura de logística nos Estados Unidos para escoar os produtos ao Porto de Xangai, na China.
Com o terminal concentrador de cargas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, a CV levaria tanto as cargas cearenses quanto de outros estados aos EUA, onde faria um transporte multimodal entre portos da costa leste e ferrovias, com fim no mercado do Oriente, segundo informou o presidente da Adece, Antônio Balhmann. Os produtos de outros estados brasileiros chegariam ao terminal de concentração no Pecém através de cabotagem (transporte marítimo entre estados) ou ferrovias.
Os investimentos da empresa aqui no Estado com a construção de seu ´hub´ ainda não tiveram seus valores avaliados, mas Balhmann acredita que, na visita do presidente na próxima terça-feira, alguns números já poderão ser mensurados. O empresário americano irá ainda ao complexo do Pecém analisar a localização do empreendimento, que estará dentro da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) cearense.
No início de fevereiro, o governador Cid Gomes e Balhmann visitaram a zona franca administrada pela CV em Miami e afinaram as negociações dos investimentos no Estado.
Burocracia
O presidente da Adece espera que as operações da CV no Pecém comecem já em janeiro do ano que vem, faltando ainda definir questões relacionadas a licenciamentos ambientais, entre outras burocracias — incluindo a regulamentação da ZPE do Ceará —, a serem discutidas na semana que vem.