A térmica portuguesa, assim como será a cearense a partir de 2011, é abastecida com carvão mineral e pertence a um dos investidores do projeto do Estado, o grupo português EDP, dono da EDP Brasil, que forma parceria com a MPX no negócio do Estado.
Apesar de a usina portuguesa não ser ambientalmente tão limpa, como afirmou o governador Cid Gomes em visita ao local – a expressão usada foi de que era possível “lamber o chão” -, tanto o diretor da térmica de Sines como executivos da UTE Porto do Pecém Geração de Energia garantem que as emissões de gases e partículas estão bem abaixo do que permite a legislação brasileira.
“A legislação brasileira é bem mais flexível, permite mais que o dobro do que é emitido em Sines. Mas nós vamos seguir os limites internacionais porque existe uma preocupação dos sócios em não poluir e a exigência dos financiadores internacionais”, afirma o diretor-presidente da UTE Pecém, Moacyr Carmo.
O diretor de Construção e Operação da usina do Ceará, Carlos Cavaleiro, complementa: “Antes mesmo de conversar com os bancos, íamos manter o padrão da EDP aqui em Portugal. A EDP sempre andou à frente da legislação e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) vai nos monitorar e vamos entregar relatórios para o Ministério do Meio Ambiente e para os órgãos estaduais”.
A UTE Porto do Pecém, que já anunciou investimento de R$ 13,9 milhões em 17 Planos de Controle e Monitoramento Ambiental (PCMA) no município de São Gonçalo do Amarante e outros R$ 9 milhões para compensar os danos ambientais do projeto – nesse montante estão incluídas a plantação de 180 mil mudas de reflorestamento no Estado e os R$ 500 mil das grades que agora cercam o Parque do Cocó em Fortaleza, entre outros projetos -, vai gerar 360 megawatts (MW) a partir de julho de 2001 e outros 360 MW em outubro do mesmo ano. Com esses 720 MW, a produção energética do Ceará vai aumentar 90%. Na terceira etapa da usina, que será mantida apenas pela MPX, serão produzidos mais 360 MW.
A UTE Porto do Pecém vai custar US$ 1,2 bilhão para a EDP Brasil e para a MPX, sendo que 70% desse valor virá de bancos, tanto nacionais quanto internacionais. De acordo com o diretor-presidente da UTE Pecém, o contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que já aprovou o financiamento de US$ 147 milhões para pagamento em 15 anos, será assinado até o fim deste mês e os recursos serão liberados até maio.
Investimento
“Esses US$ 147 milhões e outros US$ 180 milhões que virão de bancos estrangeiros vão ser usados na compra de máquinas e equipamentos no exterior. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai financiar R$ 1,3 bilhão, mas os termos do contrato ainda estão sendo negociados. Os 30% restantes são de recursos dos sócios”, revela Moacyr Carmo