Com o objetivo de firmar parcerias estratégicas para o desenvolvimento socioeconômico, tecnológico e ambiental do Estado, o projeto “HUB de Hidrogênio Verde Pecém – Ceará”, lançado em fevereiro desse ano pelo Governo do Ceará, Complexo do Pecém (CIPP S/A), Federação das Indústrias do Estado (Fiec) e Universidade Federal do Ceará (UFC), tem atraído empresas interessadas em atuar na cadeia de valor do Hidrogênio Verde, que abrange desde a geração de energia renovável à produção de hidrogênio verde e derivados, armazenamento, distribuição e consumo, inclusive para exportação.
Uma dessas empresas é a White Martins, que assinou um Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) com o Complexo do Pecém este mês para oficializar seu interesse em participar do HUB de Hidrogênio Verde. A parceria pretende estabelecer e desenvolver as potencialidades da produção local, voltada prioritariamente à exportação para a Europa. Com a assinatura do MoU, o Complexo do Pecém prestará o suporte para mapear novas oportunidades de negócios para a produção e o fornecimento de Hidrogênio pela Verde pela White Martins.
“Identificamos nesta parceria a possibilidade de inovar na produção e no fornecimento de energia limpa com investimentos na cadeia de valor do Hidrogênio Verde, aproveitando a sinergia da planta de gases do ar da White Martins já existente no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Este projeto está em linha com a estratégia global da Linde de crescimento no mercado de hidrogênio verde”, afirma Guilherme Ricci, diretor de Hidrogênio e Gás Natural Liquefeito da White Martins.
Ricci destaca também que, “levando em consideração as características da região que dispõe de um parque industrial de ponta e capacidade de produção de energia renovável, há a expectativa positiva de viabilizar um empreendimento que poderá ser um grande diferencial para nosso país”.
“A White Martins, uma empresa do grupo Linde, detém tecnologia e expertise em várias áreas-chave da cadeia de produção, distribuição e aplicação do H2V, incluindo eletrolisadores, produção de amônia, liquefação de H2, tecnologia para uso de H2 em mobilidade e experiência com injeção de H2 em redes de gás natural, sendo assim será uma importante parceira para o hub de H2V no Pecém”, destaca Duna Uribe, diretora comercial do Complexo do Pecém.
Por meio desta iniciativa, o governo cearense vai intensificar a produção de Hidrogênio, a partir de fontes de energias renováveis, para promover o desenvolvimento socioeconômico, tecnológico e ambiental do Estado, fomentando o seu uso na indústria e no transporte. Além disso, a meta é tornar o Ceará um fornecedor global de H2V, contribuindo assim com a redução dos níveis globais de Dióxido de Carbono (CO2).
“É necessário destacar que o projeto não conta com investimento de verbas públicas, mas o Estado do Ceará desenvolverá políticas públicas de energias renováveis para o desenvolvimento sustentável, focadas em maximizar os benefícios para a região e consolidar o futuro HUB de Hidrogênio Verde do Pecém”, pontua Roseane Medeiros, secretária executiva da indústria na Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) do Governo do Ceará.
“Este Memorando de Entendimento é mais uma prova de que o mercado reconhece o potencial do Estado do Ceará para a produção de hidrogênio verde e o amplo espaço e instalações que o Porto de Pecém pode oferecer para acomodar um cluster de eletrolisadores”, acrescenta René van der Plas, diretor do Porto de Roterdã Internacional (PORint)
DIFERENCIAIS DO COMPLEXO DO PECÉM
O Complexo do Pecém tem como seus acionistas o Governo do Ceará (70%) e o Porto de Roterdã (30%), parceria que traz uma vantagem competitiva ao projeto, pois o Porto de Roterdã está trabalhando com vários parceiros para o desenvolvimento de uma rede de hidrogênio em grande escala em seu complexo portuário, com a intenção de transformar o Porto de Roterdã em um “Hub” internacional de produção, importação, aplicação e transporte de hidrogênio para a Europa. Assim, o projeto a ser desenvolvido entre a White Martins, seus parceiros e o Complexo do Pecém poderá ter o Porto de Roterdã como o porto de entrada na Europa.
Além disso, o Complexo do Pecém tem localização privilegiada conectada às principais rotas marítimas que ligam à Europa e aos Estados Unidos, assim como um custo logístico competitivo pela proximidade aos mercados, o que representa um diferencial no custo total do H2V. Possui, ainda, área disponível e a infraestrutura industrial e portuária necessária, além dos benefícios tributários de ZPE, o que pode representar uma importante redução no opex e capex do possível investidor.
O Complexo do Pecém possui, também, uma rede elétrica robusta, com infraestrutura de linhas de transmissão compatível com as demandas das usinas de eletrólise; rede de distribuição de gás que conecta o complexo, que pode ser utilizada para o transporte de H2V entre áreas de produção e consumo industrial; e indústrias já instaladas, potenciais consumidoras de Hidrogênio Verde.
O potencial mercado interno de Hidrogênio Verde a ser desenvolvido no Complexo do Pecém, inclusive, conta com empresas já instaladas dos setores de aço, fertilizantes, cimento, mineração e ainda a Companhia de Gás do Ceará (Cegás).
POTENCIAL DO CEARÁ
O Estado do Ceará oferece alto potencial para energia eólica onshore (94 GW) e offshore (117 GW), alto potencial para energia solar (643 GW) e complementaridade diária solar + eólica = 50%/50%, uma condição ideal para a operação de eletrolisadores. Além disso, conta com mão de obra qualificada, com rede de ensino médio e superior apta a atender a demanda da nova cadeia produtiva e também condições fiscais e administrativas confiáveis, através do benefício fiscal concedido pelo PIER (Programa de Incentivos a Cadeia Produtiva de Energias Renováveis)