Técnicos de uma grande empresa interessada em construir estaleiro no Ceará chegam hoje ao Estado para analisar as alternativas da costa cearense. Os especialistas irão visitar várias áreas no litoral oeste cearense. De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, eles conhecerão o pré-projeto já realizado para um estaleiro no Porto do Pecém, mas também terão contato com outras possibilidades. ´Temos três ou quatro alternativas, cada uma com um diferente padrão de custo. Eles vão ver várias´, afirma.
A costa do município de Camocim, a 369 quilômetros da capital, segundo Balhmann, é uma delas. ´De Camocim ao Mucuripe tem alternativas, mas eles vão pessoalmente para fazer a sua avaliação´, diz.
O volume de investimentos necessários para a colocação de um empreendimento deste pote por aqui ainda não foi avaliado. ´O levantamento vai ser feito a partir dos estudos técnicos que estão sendo feitos´.
Balhmann garante que ainda existe, no País, condições para a criação de mais dois estaleiros, por decorrência da reativação da indústria naval nacional, patrocinada pelo Plano de Renovação da Frota (Promef), da Transpetro, que já encomendou 26 navios ao mercado, e está em processo de licitação de outros 22. ´Estamos nos candidatando para ser um dos estados a abrigar o empreendimento, mas estamos disputando com a Bahia e o Espírito Santo´, ressalta o presidente da Adece. Ao longo deste ano, o governo do Estado vem mantendo contatos com empreendedores nacionais e estrangeiros do setor na busca por um estaleiro para o Ceará.
Em abril último, uma comitiva cearense visitou o estaleiro de Daewoo, na Ásia, e, no próximo mês, Balhmann irá a mais uma vez a um estaleiro asiático, cujo nome ainda é mantido em segredo. A procura por um empreendimento deste porte é uma possibilidade vislumbrada pelo Executivo estadual de fortalecer o pólo siderúrgico a ser implantado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. O governo espera viabilizar a instalação de laminadores (processo realizado por siderúrgicas e que fabrica materiais de maior valor agregado), e quer estimular atividades que utilizam chapas de aço, como o estaleiro, que é o tipo de equipamento que mais consome placas de aço no mundo. ´Existe uma encomenda mundial de dez mil navios. Queremos saber se isso se alterou com a crise, e vamos ver isso com a visita ao estaleiro na Ásia´, informa Balhmann. Segundo ele, o trabalho de prospecção do governo também tem buscado outros tipos de serviço relacionados à construção de navios, como a recuperação naval e a manutenção de embarcações.
Apesar do esforço estatal, especialistas da área apontam que o Ceará, por ter baixa profundidade na sua costa, não oferece condições satisfatórias para um estaleiro de grande porte. Foi este motivo — que, inclusive, é admitido pelo governo estadual — que o projeto de uma indústria de embarcações off shore (fora da costa) no Terminal Portuário do Pecém foi pensado.
REGASEIFICAÇÃO
Petrobras já pediu liberação para Golar Spirit atracar
Esperada para ontem, a atracação do navio Golar Spirit — o primeiro terminal de regaseificação móvel do País — no Píer 2 do Porto do Pecém acabou não acontecendo. A Petrobras, responsável pela embarcação, já solicitou à Cearáportos a retirada do navio da área de fundeio, onde está desde julho, para ser atracado, mas preferiu não realizar o processo por questões técnicas, segundo informou o diretor de Desenvolvimento Comercial da companhia controladora do porto, Mário Lima Júnior. De acordo com ele, a estatal passou a tarde de ontem revisando e finalizando as instalações internas do cais que receberá o navio. ´Amanhã [hoje], eles irão confirmar se vão atracar na quarta-feira, ou se ficará para depois´, informou.
Os testes de resfriamento do píer 2 do porto, última etapa antes de iniciar o recebimento da carga, foram realizados no fim de semana. A expectativa é de que o gás natural liqüefeito (GNL) passe a ser injetado na malha em dezembro. O Golar Spirit possui capacidade de regaseificar sete milhões de metros cúbicos de gás por dia. Inicialmente, se houver necessidade, o navio poderá regaseificar dois a três milhões de metros cúbicos/dia.
(Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE – FORTALEZA – Sérgio de Souza – 25/11/2008 – Editoria: Negócios)